O presidente Vladimir Putin determinou nesta quarta-feira (5) que seus principais assessores elaborem propostas para um possível teste de armas nucleares, o primeiro desde o colapso da União Soviética, em 1991. A ordem surge poucos dias depois de Donald Trump anunciar que os Estados Unidos também retomariam experimentos nucleares, reacendendo o temor de uma nova corrida armamentista entre as grandes potências.
Segundo o ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, as recentes declarações e ações de Washington tornam “aconselhável se preparar para testes nucleares em larga escala”. Ele afirmou que o local de Novaya Zemlya, no Ártico, estaria pronto para receber os experimentos em pouco tempo.
Putin, por sua vez, instruiu o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Defesa e os serviços de inteligência a recolher informações sobre o tema e apresentar um relatório ao Conselho de Segurança da Rússia, com recomendações sobre a retomada dos trabalhos de preparação para os testes.
“Devemos fazer tudo para garantir a segurança estratégica da Rússia”, teria afirmado o líder russo.
Reação internacional
Especialistas em segurança global alertam que a decisão de Moscou pode abrir um novo ciclo de reação em cadeia, estimulando outros países a retomarem seus programas nucleares.
O analista Andrey Baklitskiy, do Instituto da ONU para Pesquisa em Desarmamento, comentou nas redes sociais que o cenário representa um “ciclo de ação e reação no seu pior momento”, acrescentando que “ninguém precisa disso, mas podemos chegar lá independentemente”.
A Rússia não realiza testes explosivos nucleares desde 1990, ainda sob a bandeira soviética. Já os Estados Unidos suspenderam os seus em 1992, enquanto China e França encerraram os experimentos em 1996. O único país a realizar um teste nuclear no século XXI foi a Coreia do Norte, em 2017.
Trump reacende disputa nuclear
O anúncio de Putin ocorre após Donald Trump afirmar que ordenaria ao Pentágono o reinício dos testes nucleares norte-americanos, justificando-se pelo avanço dos programas de outros países. “Esse processo começará imediatamente”, declarou o republicano, sem detalhar se se trataria de testes explosivos ou apenas de mísseis com capacidade nuclear.
A retórica de Trump foi recebida com preocupação por diplomatas e cientistas, que temem que o discurso acirre ainda mais as tensões entre Washington e Moscou em plena crise geopolítica.
Moscou reforça poderio militar
Nas últimas semanas, a Rússia realizou exercícios de lançamento de armas nucleares e testes com o míssil de cruzeiro Burevestnik, movido a energia nuclear e projetado para transportar ogivas. O país também testou o supertorpedo Poseidon, outro artefato de propulsão nuclear, reforçando sua estratégia de dissuasão contra o Ocidente.
Embora os testes de mísseis e sistemas de entrega não envolvam explosões atômicas, o retorno de testes nucleares explosivos despertaria temores ambientais e políticos semelhantes aos da Guerra Fria, período marcado por contaminações radioativas e intensa disputa militar entre as potências.
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