O PT fluminense atravessa mais uma fase de turbulência interna após a ideia do prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá, de lançar o cantor Neguinho da Beija-Flor como candidato ao Senado em 2026. A proposta, divulgada no início de outubro, provocou resistência de lideranças como a ministra Anielle Franco e o deputado Lindbergh Farias (RJ), que lançaram manifesto em apoio à deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Quaquá, que comanda a legenda no estado por meio do filho Diego Zeidan, presidente do diretório estadual, argumenta que Neguinho poderia furar a bolha do campo progressista e enfrentar a concorrência da direita fluminense, incluindo nomes como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e eventual candidatura do governador Cláudio Castro (PL). Comparações com Romário, que migrou do futebol para o Congresso, ilustram o potencial político que o grupo enxerga no artista.
No entanto, a candidatura do cantor enfrenta obstáculos práticos e políticos. Fontes indicam que Neguinho ainda não se engajou totalmente na ideia, e ele mantém vínculos de mais de uma década com o PL, partido do atual prefeito de Nilópolis, Abraãozinho. Membros do setor jurídico do PT estudam o processo de desfiliação ao PL antes de uma eventual filiação à legenda.
O episódio provocou uma escalada de conflitos internos. No último sábado (25), Quaquá criticou Lindbergh e o secretário André Ceciliano por, segundo ele, terem minimizado menções ao presidente Lula em vídeo de visita a Casimiro de Abreu. Em resposta, Lindbergh classificou Quaquá como “cada vez mais desprezível” e lembrou a disputa sobre a candidatura ao Senado.
A ministra Anielle Franco, também integrante do manifesto pró-Benedita, já teve atritos públicos com Quaquá em 2025. O histórico inclui acusações sobre a indicação de supostos funcionários fantasmas e comentários polêmicos sobre familiares de Anielle, que resultaram em ações junto à comissão de ética do partido.
Neguinho, que se despediu do Carnaval focando na carreira musical, mantém relações próximas com Lula, que acompanhou seu casamento informal em 2009 e o desfile da Beija-Flor, evento em que Benedita esteve ao lado do cantor. Nas eleições municipais de 2024, o artista produziu jingles para candidatos do PT, do PSOL e do MDB, demonstrando influência e visibilidade no cenário político fluminense.
Enquanto Quaquá busca reforçar sua base com o lançamento do artista, o grupo de Benedita aposta na experiência e trajetória da deputada para consolidar votos no campo progressista. A disputa, portanto, promete intensificar as articulações internas do PT no Rio de Janeiro, meses antes do início oficial da campanha para 2026.
Fonte: Clique aqui
Créditos do autor:
Créditos da imagem: Reprodução/Divulgação